Segundo a ONU, a poluição do ar é “um assassino silencioso” que mata milhões de pessoas por ano. Ao inalarem regularmente ar tão poluído, colocam em risco a sua vida, a saúde e o bem-estar.
Em 2024, o Brasil está enfrentando um aumento preocupante no número de queimadas. Nos primeiros quatro meses do ano, o país registrou um total de focos de incêndio 81% maior em comparação com o mesmo período do ano passado. Este é o maior número desde o início da série histórica mantida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O impacto dessas queimadas é sentido de forma especialmente intensa em São Paulo, onde, desde o dia 9 de setembro, vem sendo considerada a cidade mais poluída do mundo.
De acordo com o site suíço IQAir, a poluição do ar em São Paulo está associada a uma série de problemas respiratórios graves. Entre agosto e a primeira semana de setembro, foram registradas 1.523 notificações de síndrome respiratória aguda grave e 76 óbitos na cidade, um reflexo direto do aumento das queimadas.
E os biomas correm risco do fim?
O futuro dos biomas brasileiros, especialmente o Pantanal, está em risco. O climatologista Carlos Nobre alerta que, caso o desmatamento continue em seu ritmo atual, o Pantanal pode desaparecer até 2070. O bioma perdeu 30% de sua área nos últimos 30 anos e enfrenta um cenário de seca severa e incêndios frequentes, que agravam ainda mais a situação.
Em outra perspectiva, a Amazônia, maior floresta tropical do planeta, pode ter metade de sua cobertura destruída até 2070. Apesar de ter uma leve desaceleração na perda de cobertura vegetal desde 2023, o avanço das queimadas continua a expor as deficiências das ações governamentais.
As queimadas estão se espalhando e afetando áreas que antes estavam relativamente protegidas com muita rapidez. A ministra do meio ambiente, Marina Silva, mencionou que o Pantanal poderia alcançar um ponto irreversível até 2100 caso a atual taxa de destruição continue. No entanto, especialistas observam que o prazo para a destruição pode ser ainda mais curto, especialmente se não houver uma resposta mais eficaz para combater as causas humanas dos incêndios.
Impactos diretos na saúde humana
As consequências das queimadas são devastadoras para a saúde humana. A fumaça gerada pelos incêndios contém uma mistura de substâncias tóxicas, como dioxinas e metais pesados, além de partículas finas que podem ser facilmente inaladas. Elas, por sua vez, são prejudiciais para os pulmões e podem causar ou agravar doenças respiratórias, especialmente em pessoas com condições preexistentes como asma e bronquite.
A fumaça também libera gases tóxicos como monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio, que podem exacerbar problemas pulmonares e cardiovasculares. De acordo com o médico Paulo Saldiva:
“A poluição do ar em São Paulo equivale a você fumar um pouquinho mais de meio cigarro no trânsito, então todos nós fumamos um pouquinho”
Paulo Saldiva
Ao inalar esse ar, há efeitos de longo prazo, como a inflamação dos vasos sanguíneos, o que pode aumentar o risco de hipertensão, arritmias e infarto do miocárdio. O impacto é ainda mais significativo para crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.
As queimadas não apenas causam a perda da biodiversidade do país e aumentam a emissão de gases de efeito estufa, como também resultam em sérios prejuízos para a saúde pública, com consequências que podem ser sentidas por anos. A resposta a essa crise exige uma combinação de medidas, incluindo a atuação mais eficaz das autoridades e a conscientização da população sobre os riscos e formas de proteção.
O impacto da poluição vai além dos pulmões?
O ar poluído das queimadas vai muito além das crises respiratórias. A poluição intensa e o clima seco podem intensificar crises alérgicas, ressecar a pele com facilidade e deixar as unhas e cabelos mais propensos à quebra. Em dias críticos, ficar em ambientes fechados é o ideal para minimizar desconfortos.
Além disso, manter a hidratação constante e utilizar umidificadores são outras sugestões para minimizar os impactos no corpo. Por fim, é recomendado que, em áreas afetadas, as pessoas evitem sair de casa, usem máscaras e mantenham ambientes internos limpos e umedecidos, de modo a reduzir a entrada do ar poluído.
—————————————————————–
O artigo acima foi editado por Camila Iannicelli
Gostou desse tipo de conteúdo? Confira Her Campus Cásper Líbero para mais!