Em outubro de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi novamente eleito presidente do Brasil. Para muitos, essa vitória significa o retorno da dignidade das mulheres e outros grupos oprimidos durante os quatro anos do atual governo de Jair Bolsonaro (PL).
Durante sua campanha, Lula destacou por muitas vezes sua preocupação com a questão feminina em seu governo. Durante um ato eleitoral em Diadema (SP), o presidente eleito afirmou: “Mulher não quer ser coadjuvante. Ela quer, na verdade, ser o sujeito da história. Ela quer fazer a sua história”.
BOLSONARO: UM HISTÓRICO CONTROVERSO
Eleito em 2018, o atual presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) já estava há mais de 30 anos na política. Sua trajetória ficou marcada por falas carregadas de preconceitos, incluindo machismo e racismo.
Uma das mais repercutidas foi a fala para a deputada Maria do Rosário (PT): “Jamais estupraria você, porque você não merece”. A cantora Preta Gil também foi vítima do político. A filha do também artista e ex-ministro da Cultura dos primeiros anos do governo Lula (2002–2008), Gilberto Gil, perguntou à Bolsonaro o que ele faria se seu filho se apaixonasse por uma mulher preta. “Não corro esse risco, meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como, lamentavelmente, é o seu”, afirmou o atual presidente.
OS REFLEXOS DO GOVERNO BOLSONARO
Além das inúmeras declarações que atacam diretamente as mulheres, em 2021 Bolsonaro vetou trecho de lei que distribuiria absorventes de forma gratuita para pessoas que menstruam e encontram-se em posição de vulnerabilidade, além de cortar 90% da verba de combate à violência contra a mulher.
Indo além dos atos e falas do presidente em si, ter no poder um homem com tais pensamentos e atitudes cria um ambiente seguro e confortável para que outras pessoas revelem seus preconceitos e violências. Isso pode ser constatado em dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que revelam que a taxa de violência doméstica dobrou e os índices de feminicídio aumentaram no governo de Jair Bolsonaro.
Lula: um histórico exemplar
No primeiro ano de seu governo, em 2003, Lula criou a Secretaria de Políticas para Mulheres, responsável por pensar políticas que as incluíssem na sociedade. Foi também no governo de Lula, em 2006, que a Lei Maria da Penha foi sancionada, criando mecanismos para prevenir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
A participação das mulheres na política tornou-se mais aparente durante os dois governos do presidente eleito, que nomeou 11 mulheres como ministras – um recorde que só seria ultrapassado pela sua sucessora Dilma Rousseff (PT), que contou com 18 ministras em cinco anos e meio de gestão. Essa participação feminina no governo tem grandes chances de se repetir em 2023 e já pode ser analisada pela quantidade de deputadas eleitas que, segundo levantamento feito pela CNN Brasil, foi o maior número registrado desde 2002.
Os programas sociais criados durante os governos de Lula também revelam um maior protagonismo das mulheres, acompanhado por uma ideia de emancipação feminina. Como por exemplo o Programa Universidade para Todos (ProUni), que foi um dos responsáveis pelo número recorde de mulheres no ensino superior do país, saindo de 2 milhões para 4,53 milhões de estudantes matriculadas em universidades durante os 12 anos de governo do Partido dos Trabalhadores.
uma luz no fim do túnel
Para além da polaridade política que existiu durante as eleições de 2022, é fato que os governos de Luiz Inácio Lula da Silva apresentam políticas com resultados significativos quando o quesito é o bem-estar feminino. A caminhada por igualdade de direitos entre homens e mulheres é longa, uma vez que a sociedade é estruturalmente machista e misógina, mas a vitória de Lula representa, para nós mulheres, o primeiro passo.
Tirar do poder um presidente que não tem pudor em suas falas e que é abertamente misógino representa uma resistência feminina e uma luz no fim do túnel. O retorno ao poder de um presidente que já fez muito pelas mulheres dá a sensação de vitória para todas nós.
Esse texto foi editado por Diovanna Mores Monte. Gostou do conteúdo? Confira Her Campus Cásper Líbero para mais.