Não é segredo para ninguém que séries de livros como A Seleção, de Kiera Cass; Crepúsculo, de Stephenie Meyer; Jogos Vorazes, de Suzanne Collins; e Divergente, de Veronica Roth, marcaram a vida e a geração de muitos leitores. Mas por que essas séries fizeram tanto sucesso? E o que aconteceu com o formato desses livros para irem perdendo a popularidade conforme o tempo?
A popularidade de universos fantásticos
As fantasias e distopias da década passada envolviam uma rica construção de mundo, regada de detalhes que faziam o leitor adentrar no universo daquele livro. Era comum encontrar personagens, principalmente protagonistas ou seus pares românticos, representados por criaturas variadas, desde lobisomens e vampiros até anjos e humanos.
No entanto, o gênero que mais deixou sua marca na década de 2010 foi a distopia. Tramas que abordam um futuro em que sociedades vivem sobre forças autoritárias ou de forma precária, com diversas críticas sociais conquistaram os leitores. O que torna essas obras tão marcantes não é somente o desenvolvimento dos personagens diante daquele universo, mas também a luta para sair desse sistema.
Muitas dessas histórias ganharam ainda mais visibilidade após virarem adaptações audiovisuais, como o caso de Maze Runner de James Dashner, em 2014. Com o sucesso do primeiro filme, os outros dois livros da série logo foram parar nas telonas também.
Por que esse estilo saiu das prateleiras?
Primeiramente, é importante ressaltar que as impressões sobre um livro mudam com o passar do tempo. Ou seja, ler uma obra no início de seus hábitos literários e relê-la novamente anos depois pode não ter o mesmo impacto, e uma vez que o gênero desagrada o leitor, ele para de o consumir.
Alguns leitores afirmam que muitas das distopias, fantasias e romances da época tinham tramas envolventes, porém parecidas. Um exemplo são as séries Crepúsculo e A Seleção, que têm a mesma receita: uma protagonista feminina, genérica e padrão, dividida entre dois caras em um triângulo amoroso, um “bad boy” e um mocinho.
A falta de representatividade dos protagonistas também é um agravante. Na época, era muito difícil de se encontrar protagonistas pretos, asiáticos, portadores de alguma deficiência ou membros da comunidade lgbtqia+ e, mesmo que existissem, não eram tão numerosos e nem tinham tanta visibilidade.
Apesar das críticas negativas sobre a literatura dos anos 2010, muitas obras da década trazem reflexões e críticas sociais atemporais em relação à política e classes sociais. O exemplo mais comentado no momento é a série de livros Feios, que, em meio a um mundo distópico, traz uma reflexão sobre padrões de beleza e a maneira como são impostos e tratados na nossa sociedade. A série ganhou uma adaptação recente na Netflix, revivendo e relembrando um pouco dos “velhos tempos” para os leitores.
esses livros estão de volta?
Todas essas características fizeram com que essas séries ficassem muito marcadas no universo literário mundial, e apesar de parecer que elas ficaram no passado, muitas das suas características ainda estão presentes na literatura jovem.
Mundos fantásticos que impressionavam o leitor logo de cara, personagens paranormais e relações amorosas são características muito marcantes de obras como Corte de Espinhos e Rosas e Trono de Vidro, ambos de Sarah J. Maas, e Quarta Asa, de Rebecca Yarros.
A literatura atual lembra, apesar de reinventar, os clássicos dos anos de 2010, através de seus personagens, estrutura de escrita e reflexões. Um dos exemplos é O Ceifador, de Neal Shusterman, um livro que tem grandes semelhanças com as distopias da época. Nele, conhecemos uma sociedade que venceu as barreiras das doenças, da fome, da miséria e da morte, fazendo com que o controle populacional seja feito através dos ceifadores, pessoas treinadas pelo governo para matar. Similar com o que víamos nos anos 2000, não?
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O artigo acima foi editado por Julia Pujar.
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