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O streaming está matando o cinema? Saiba o que cinéfilos pensam sobre o assunto

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Entre os anos de 2010 e 2015, o projeto iniciado pelos americanos Reed Hastings e Marc Randolph, se popularizou mundo afora, revolucionando a maneira de consumir filmes e séries. A Netflix foi um fenômeno mundial e abriu espaço para a criação de tantos outros sistemas similares. Agora, anos depois, a indústria foi tomada por tantas outras plataformas de streaming que o método mais tradicional de assistir a um filme – a ida aos cinemas – se tornou algo obsoleto para parte da população.

O POSSÍVEL ENFRAQUECIMENTO DOS CINEMAS

A história do cinema começou no final do século XIX, quando os irmãos Lumière realizaram a primeira exibição pública de um filme em 1895, na França. Com o passar dos anos, a indústria cinematográfica evoluiu rapidamente, com a introdução do cinema mudo, a ascensão de Hollywood, o centro do cinema mundial e a criação de especialistas e prêmios para as diversas áreas do audiovisual.

O cinema passou por diversas transformações ao longo das décadas, incluindo o cinema em cores e falado, os efeitos especiais avançados e a era digital, que permitiu novas formas de produção e distribuição de filmes, tornando assim a arte mais influente atualmente e refletindo e moldando culturas do mundo todo. Agora, a modernidade coloca em dúvida aquilo que já foi a maior forma de entretenimento.

Andrey Luiz Rocha, cinéfilo e estudante de fotografia e cinema, destaca quem entrevista que um grande fator pelo qual os cinemas tem sido cada vez menos visitados, é o setor econômico: “Hoje em dia o cinema está com um preço extremamente elevado se comparado há 10 anos. Eles entregam um serviço que nem sempre é de qualidade, por um valor exorbitante para muitas famílias”.

Atualmente, os ingressos são divididos em inteira e meia entrada, essa para estudantes, pessoas com deficiência e idosos. Seus preços são variados aos dias da semana, quarta-feira é mais barato, por exemplo, porém são poucas as famílias que conseguem um tempo de lazer nos dias úteis. Nos finais de semana, os preços variam entre R$30,00 e R$80,00.

Uma família de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças, gasta apenas em ingressos: R$200,00, sem contar a alimentação e o estacionamento. Assim, os valores deste programa limitam o público que consegue efetivamente frequentar o local, contribuindo com o encarecimento da ida ao cinema.

A pandemia da COVID-19 é outro fator importante na diminuição do público. “Podemos sim relacionar o fator de ficar praticamente 2 anos sem conseguir ir ao cinema com segurança e perder um pouco do hábito de estar ali junto de outras pessoas, mas se for relacionar a doença, podemos pensar que as pessoas encontraram uma maneira mais barata e cômoda para assistir aos mesmos filmes”, destaca o estudante.

Por outro lado…

Com o avanço da tecnologia, a forma de fazer filmes tem se diversificado também. Grandes blockbusters dos últimos anos tem sido gravados em IMAX, por exemplo, um conjunto de técnicas usadas para maximizar os aspectos audiovisuais de um longa, como a imagem, os efeitos sonoros, e até mesmo o formato da tela, assim melhorando a qualidade do filme, algo que não é tão evidente quando assistido na televisão direto de algum streaming.

Esse aspecto tem levado um grande público de volta aos cinemas, Oppenheimer, Avatar: o caminho da água e Duna: Parte 2 são exemplos de filmes com uma grande bilheteria atraída por espectadores que procuravam uma grande experiência audiovisual.

“Muitas obras são feitas pensadas em ser transmitidas em grandes telas com muita tecnologia de áudio e som, infelizmente ainda não temos como reproduzir a mesma magia e energia que só um cinema consegue trazer para um filme, criar uma atmosfera onde conseguimos viver uma história como se fizéssemos parte dela” completa Andrey.

O cinema é mais do que um entretenimento, é uma experiência cinematográfica e ainda atrai milhares de espectadores todos os dias.

O MERCADO DOS STREAMINGS

Amazon Prime Video, MAX e Disney+, são exemplos ainda não citados de sistemas internacionais onde o assinante paga uma fatura mensal ou anual e tem acesso a um extenso catálogo de filmes e séries. “Cada aplicativo tem seu diferencial, utilizando de seu recurso para tentar se destacar diante os outros concorrentes: pode ser por um catálogo mais extenso, mais famoso, por um valor mais acessível, com mais vantagens além do streaming de filmes e séries e por aí vai”, pontua o cinéfilo.

Apesar do domínio de Hollywood no mercado do entretenimento, em uma plataforma onde é mais fácil viabilizar conteúdos de áreas e gêneros diferentes, uma maior diversidade cultural para os títulos é presente na maioria dos sistemas, sendo um grande atrativo para seus assinantes.

O Brasil é um país que adquiriu fortemente os streamings, sendo o segundo país do mundo que mais consome essas plataformas. “O valor faz com que eles se tornem mais atrativos: imagina pagar bem menos que um ingresso para assistir um único filme uma única vez, para ter acesso a milhares de filmes por um mês? (…) Além de dar acesso a muitas pessoas que por condições não tem oportunidade de estar mais perto da arte do cinema, por conta do valor elevado aquela é a melhor opção para o entretenimento ou a forma de conseguir ficar mais perto daquilo que atrai o consumidor” reflete o entrevistado sobre os motivos dessa grande adesão do povo.

A questão financeira e o conforto de assistir a uma obra direto em casa, tem sido os grandes fatores da escolha do público popular aos streamings.

AFINAL, O STREAMING SUBSTITUIU O CINEMA?

A ascensão das plataformas de streaming tem transformado significativamente a maneira como o público consome filmes e séries, levantando preocupações sobre o futuro dos cinemas tradicionais. Embora fatores como o encarecimento dos ingressos e a comodidade do streaming tenham contribuído para a diminuição da frequência ao cinema, a experiência única proporcionada pelas grandes telas e pela qualidade audiovisual de certos filmes ainda atrai muitos espectadores.

A pandemia da COVID-19 intensificou essa mudança de hábito, mas também revelou a capacidade das plataformas de streaming de oferecer uma alternativa acessível e conveniente. O cinema e o streaming podem coexistir, cada um oferecendo suas próprias vantagens e experiências distintas para o público. O desafio para a indústria cinematográfica será adaptar-se e inovar, mantendo a magia do cinema enquanto explora novas oportunidades no mercado digital.

“Acredito fielmente que há espaço para ambos viverem em harmonia e assim atingir o máximo de pessoas para trazer a arte para mais perto. O cinema vive!” finaliza o entrevistado.

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Este artigo foi editado por Gabriela Antualpa.

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Fernanda Pegorelli

Casper Libero '27

A journalism student at Casper Libero writting about pop culture.