Ao lembrar da mistura de sentimentos que passaram pela minha cabeça na semana do meu aniversário, o medo é o que mais se sobressai. Por que medo? Não sei. Era um medo de me sentir sozinha, esquecida ou até mesmo irrelevante. A situação de quarentena parece que aflorou e intensificou emoções que eu nem imaginava que existiam dentro de mim.
Comparando com outras situações, passar o meu aniversário dentro do contexto de isolamento social certamente era o que mais me chateava. Comemorar o dia 26 de março sempre foi algo marcante e importante para mim. Perder a chance de estar com quem eu gosto e onde eu gosto tornou o dia um pouco mais difícil de encarar.
Quanto mais a data se aproximava, mais eu procurava atividades para me distrair e não pensar no bendito aniversário em quarentena. Na véspera, confesso que o desânimo tomou conta de toda a minha rotina. Tudo girava em torno do fato de que no dia seguinte, passaria o meu aniversário “trancada” em casa. Não estaria sozinha, mas não na companhia de todos os que eu gostaria e como eu gostaria.
No dia em si, senti que não tinha nada de diferente. Nada a mais e nada a menos. E depois de todo aquele sofrimento e medo por ser “só mais um dia comum”, me dei conta que, sim, era só mais um dia comum mesmo. E só pelo fato de estar em quarentena, não significava que era irrelevante ou sem significado.
O significado dependia exclusivamente de mim. Um significado que podia estar presente em diversas coisas que construíram o meu dia. Caiu a ficha de que ao invés de tornar aqueles momentos como “esquecíveis” ou “condenáveis” em comparação a todos os aniversários que já tive, seria muito mais proveitoso para mim se tudo à minha volta simbolizasse coisas boas.
A partir do momento que virei essa chave na minha cabeça, tudo o que estava ao meu redor se convergiu para um aniversário bom. Café da manhã, almoço, mensagens de amigos, telefonemas, postagens nas redes sociais e muito mais se tornaram coisas extremamente especiais. E, no final das contas, percebi que estava tudo certo. Não foi horrível, não foi torturante e muito menos irrelevante.
Dentro de todas as comemorações de aniversário que já tive, senti que esta foi a que mais fez eu me conectar comigo mesma. Ao decorrer do dia, vários filmes passaram pela minha cabeça. E todos resultando em sentimentos bons. Não vou negar que em alguns momentos, senti saudades e até tristeza por estar longe de todos. Mas não fiquei só. Sorri, gargalhei, agradeci e até chorei.
O medo que citei no começo deste texto – aquele medo de me sentir sozinha, esquecida ou até mesmo irrelevante – suponho que tenha passado pela sua cabeça. Se você irá comemorar o seu aniversário dentro deste contexto de isolamento social, saiba que o seu dia não será passado em branco. Porque nenhum dos dias que você vive é passado em branco. Nem mesmo aquele dia mais monótono do ano.
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O texto acima foi editado por Vivian Souza.
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