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charlie and nick on their phones in heartstopper season 2
charlie and nick on their phones in heartstopper season 2
Samuel Dore/Netflix
Culture

Para Além de Heartstopper: Conheça Outros Trabalhos De Alice Oseman Para Celebrar O Mês Do Orgulho

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Hoje, dia 28 de junho, se comemora oficialmente o Dia Internacional do Orgulho LGBT, que demonstra as conquistas, vitórias e posições que essa comunidade alcança desde 1969, ano que deu origem a essa comemoração graças aos protestos de Stonewall. Para finalizar este mês apreciando as contribuições culturais da comunidade LGBTQIA+ nos anos mais recentes, que tal conferir mídias bem-avaliadas dentro do universo de Heartstopper?

Criada por Alice Oseman, a série vem bombando desde o seu lançamento em 2022 e traz uma representação muito positiva da comunidade, assim como os quadrinhos na qual foi inspirada. Deste modo, é importante mencionar que as obras de Oseman vão muito além daquelas narradas exclusivamente pela perspectiva de Nick Nelson e Charlie Spring e que todas prezam pela inclusão, importância da saúde mental e relacionamentos humanos saudáveis. Por isso, aqui, você irá acompanhar o mundo e os livros dessa autora em ascensão!

o que é “osemanverse”?

Antes de começar a falar sobre os livros, é importante entender o cenário e contexto em que passam. Quando Alice Oseman começou a escrever em sua adolescência, ela começou a criação de um universo extenso composto por personagens, narrativas e histórias interligadas. Portanto, é muito provável que um personagem de uma série já tenha interagido com outro de um livro ou obra distinta! Por exemplo, Tori Spring, narradora de Um Ano Solitário, é a irmã mais velha de Charlie Spring, protagonista da série Heartstopper, assim como a figura Becky Allen de Um Ano Solitário e Raine Sengupta de Rádio Silêncio que se encontram em uma short story chamada Party Girls.

Por esse motivo, é recomendado que a leitura do chamado Osemanverse seja feita em ordem cronológica, até mesmo por questões de conveniência – por mais que os livros tenham sido publicados entre 2014 e 2020, o universo circunda em anos anteriores, sendo focados principalmente a partir de 2011, quando a narrativa de Um Ano Solitário acontece. A partir desta perspectiva, se torna mais fácil compreender as referências culturais, a moda e até o jeito de falar exibidos, uma vez que se nota que o ano era 2011 e que o tempo entre obras não é muito distante. Ademais, é possível ver a cultura mudando juntamente com os anos passados (por exemplo, uma discussão que acontece no grupo de amigos de Tori é baseada no fato de qual personagem deveria terminar com Harry Potter, uma discussão que por mais plausível que seja em 2024, não é tão relevante quanto seria há 13 anos atrás).

Além disso, é importante notar que de um jeito ou de outro todas as obras de Oseman tocam em tópicos sensíveis sobre saúde mental, mostrando momentos difíceis e momentos de evolução entre as personagens, mas que podem ser pesados ou conter assuntos delicados ao público. Por isso, neste link é possível verificar os alertas de gatilho de cada uma das obras mencionadas, embora esta matéria não apresente qualquer tipo de spoiler que vá interferir na experiência de leitura. Dados os avisos, que comece a lista de indicações!

um ano solitário

O livro Um Ano Solitário foi uma grande obsessão adolescente não apenas para mim mas para todo bom leitor de Alice Oseman, e com motivo! Essa obra foca na estudante Victoria Spring, mais conhecida como Tori, de 16 anos, que é pessimista, introvertida e se sente sozinha. Ainda que ela tenha um grupo de amigas, ela não se sente no mesmo patamar que elas e o mesmo ocorre com a sua família: ainda que ela tenha irmãos, ela não consegue se aproximar deles o suficiente, além do fato de seus pais serem muito distantes emocionalmente. Apesar de sempre esconder e fingir não se importar, a jovem sofre constantemente com todas estas questões.

O enredo transcorre a partir do momento em que o dia a dia em sua escola começa a tomar um rumo estranho: uma entidade denominada Solitaire começa a atormentar a instituição e quando Tori percebe, ela também vira um alvo, e é a partir deste momento que ela vai a fundo para solucionar o mistério de quem está por trás desta “associação”. Enquanto isso, o seu irmão Charlie lida com os seus próprios dilemas pessoais e empecilhos, sofrendo de depressão e anorexia ao passo que Tori finge não ter problemas próprios para não preocupar os pais. No livro, é fortemente explicitado que ela também sofre de transtornos depressivos, mas não deixa oa seus amigos tampouco familiares saberem, e é triste reparar como a saúde mental dela deteriora através da narrativa.

No geral, Um Ano Solitário é uma leitura difícil emocionalmente falando, já que retrata assuntos voltados à depressão, autodepreciação extrema, além de conter cenas bem pesadas. Por outro lado, a escrita dinâmica torna a leitura rápida e de fácil conexão com o leitor. Mesmo que não sejam o foco principal, Nick e Charlie também são parte crucial na progressão narrativa, seja criando situações onde Tori reflete sobre a sua culpa nos problemas de seu irmão ou quando o mesmo auxilia ela em momentos de necessidade. 

A personagem principal é canonicamente assexual e faz parte do espectro arromântico, segundo dados confirmados pela própria Alice Oseman alguns anos após a publicação da trama. Ao ser questionada pelo amigo Michael Holden se realmente era heterossexual e se gostava de homens, Tori responde:

Na verdade, não. Nunca. Isso porque não tenho muita consideração pela maioria das pessoas.

a frase acima aponta tanto para a falta de atração romântica de Tori Spring quanto para o seu pessimismo com relação ao mundo.

Em suma, por mais que o romance e a identidade queer não sejam o foco principal da história, essa é, sem dúvida, uma das melhores obras de Oseman e altamente recomendada para todos lerem!

nick e charlie e este inverno: duas novelas de Heartstopper

Ambos os livros Nick e Charlie e Este Inverno são contos menores, com uma média de 140 páginas cada, que contam histórias breves sobre as figuras de Um Ano Solitário. No primeiro, Nick e Charlie se preparam para viverem separados quando Nick vai para a faculdade, enquanto o segundo se passa no Natal que precede os acontecimentos da obra principal, contando como a família Spring tem lidado com os problemas de saúde de Charlie.

RÁDIO silêncio

Ao contrário de Um Ano Solitário que foca em descobrir quem está por trás da figura de Solitaire, Rádio Silêncio já tem o enredo mais aprofundado com as narrativas LGBTQIA+. No livro, Frances Janvier, uma aluna de 17 anos que está acabando o Ensino Médio, sofre com as pressões de ter que entrar na faculdade e decidir qual curso superior quer fazer enquanto tenta lidar com as suas notas, emoções adolescentes e amizades (ou melhor dizendo: a falta delas). A história começa quando Um Ano Solitário termina, com as consequências do que aconteceu com Tori sendo comentadas e exibidas pela perspectiva dos outros, mas segue com o foco em Frances e nas suas amizades.

Um ponto bastante significativo deste livro é a representação do fim do Ensino Médio, daquele sentimento universal de não ter certeza sobre o seu próprio futuro e de querer ter tido mais tempo para aproveitar a sua adolescência, bem como a representação do sentimento de finalmente encontrar amizades genuínas onde não é preciso esconder quem você é de verdade.

Outro fator muito interessante que o enredo faz é conseguir conectar todos os pontos perfeitamente: a amizade de Frances com Carys Last, o desaparecimento de Carys, o podcast favorito de Frances, o novo amigo dela, cada detalhe foi muito bem planejado e fez com que a história seguisse de forma fluída. Um outro aspecto importante de citar é a culpa que Frances sente por ter gostado de uma amiga, e como isso repercute em sua vida mesmo anos depois de ter acontecido – o jeito que essa parte da história foi escrita é bastante vívida e justamente por este motivo acolhe carinhosamente diversos jovens que já tenham passado por algo parecido fora das páginas.

O livro retrata protagonistas que divergem da heteronormatividade, trazendo representações saudáveis enfocadas majoritariamente na bissexualidade e demissexualidade com uma naturalidade muito bem-vinda na mídia adolescente.

eu nasci pra isso

Embora os últimos livros tenham tido foco no Ensino Médio, Eu Nasci Para Isso muda a perspectiva do ambiente escolar para um outro aspecto do mundo jovem: os fandoms. O livro retrata Angel Rahimi, uma menina hijabi de 18 anos que é super fã do trio musical Ark e foca sua vida inteira apenas nisso: as suas amizades são de pessoas do fandom, o seu dia gira em torno da banda e o seu maior sonho é encontrar seus ídolos. O outro fio narrativo conta com Jimmy Kaga-Ricci, um adolescente de 18 anos que realiza o seu sonho de tocar em uma banda e percebe não estar tão realizado quando Ark chega na tão sonhada fama.

A obra aborda tópicos de amizade, interações parassociais entre famosos e fãs, obsessão por fenômenos online, família, religião, o jeito como a fama afeta as pessoas e o vínculo que só pode ser encontrado em fandoms na internet. Por exemplo, Angel se sente desconexa de sua família e amigos porque a sua vida gira em torno da sua banda favorita. Mesmo com a sua melhor amiga, Juliet Schwartz, que compartilha o mesmo interesse, a protagonista percebe que o seu fanatismo é tão exagerado que ultrapassa o dela, o que faz com que ela repense o seu vínculo com Ark, já que está atrapalhando a sua capacidade de se relacionar até mesmo com outros fãs.

Outra parte interessante da história é a relação de Jimmy com a sua religião e identidade de gênero. Criado pelo avô materno, o vocalista do Ark é trans e bastante religioso. Mesmo que ele não frequente a igreja há um bom tempo, toda abertura da banda acontece com uma referência à Arca de Noé e uma das músicas escritas se chama Joan of Arc, em referência à santa francesa. Além disso, Jimmy se sente muito acolhido em igrejas e as considera como um ponto de calmaria em sua vida. Apesar da pauta ser pouco retratada na mídia, este relacionamento saudável de um integrante da comunidade LGBTQIA+ com a religião demonstra positivamente como muitos jovens devem se sentir, o que torna a temática do livro ainda mais bela e significativa!

sem amor

Sem Amor é a adição mais recente à coleção de obras escritas por Oseman e traz de volta a perspectiva estudantil à narrativa, dessa vez, mudando do ambiente escolar para o universitário. Georgia Warr, uma estudante de 18 anos, começa a questionar a sua própria sexualidade quando seus sonhos adolescentes começam a dar errado e ela percebe que nunca gostou romanticamente de ninguém antes em toda a sua vida.

A história explora a fundo o paradeiro e vida romântica de vários personagens além de Georgia, como a sua amiga de infância Felipa Quintana, ou simplesmente Pip, uma menina lésbica que acredita que nunca achará um romance correspondido em sua vida, ou a sua colega de quarto Rooney Bach, uma menina pansexual que prefere ficar com pessoas a começar um relacionamento sério. Esse trio de garotas acha suporte umas nas outras e encontram em si a força necessária para viver no ambiente universitário, junto das novas amizades, situações românticas e o seu amor compartilhado por Shakespeare.

Ao longo da narrativa, Georgia descobre um termo com o qual se identifica: aro-ace, ou seja, arromântica e assexual. Ela percebe que, para viver, existem diversos tipos de relacionamentos que oferecem suporte além do tradicional romântico. Embora o livro tenha uma grande variedade de sexualidades representadas, é importante entender que assim como qualquer forma de representação da comunidade na mídia, a experiência representada por Georgia é completamente válida e apenas uma das várias possíveis dentro do espectro aro-ace. Além disso, este é um livro que interessa um grupo de jovens que acaba de começar a universidade e têm medo do que está por vir, demonstrando que experiências novas também podem ser muito positivas.

sobre as obras

E com esta última recomendação, acabamos de passar por todos os romances publicados por Alice Oseman!

Os livros escritos por ela têm tido um grande impacto na nova geração de leitores e pessoas da comunidade LGBTQIA+ e esperamos que você também tenha a chance de experienciar e aproveitar as obras dela assim como muitos fãs que já leram e aprovaram as suas histórias.

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O artigo acima foi editado por Marcela Abreu.

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