“Bloco carnavalesco” é um termo que designa diversos tipos de manifestações carnavalescas populares. Os “bloquinhos” são conjuntos de pessoas que vão às ruas na época do Carnaval, tanto antes, como durante e depois do evento. Normalmente, percorrem trajetos urbanos, como principais ruas e avenidas da cidade, geralmente acompanhados por banda em trios elétricos ou carros de som. Os blocos, ou blocos de rua, são populares e muito tradicionais no carnaval brasileiro.
Alguns blocos nunca deixam uma rua e tem um lugar específico. Podem ser formados por pequenos ou grandes grupos de foliões, com um título distinto ou com um trocadilho muitas vezes engraçado. No Nordeste, é comum a participação de bonecos grandes (bonecões) nos desfiles de alguns blocos, principalmente na cidade de Olinda (PE).
Os primeiros registros de blocos de rua licenciados pela polícia foram no Rio de Janeiro (1889): Grupo Carnavalesco São Cristóvão, Bumba meu Boi, Estrela da Mocidade.
Fonte: Blog A Melhor Balada
Em São Paulo, os blocos de rua têm sido cada vez maiores e com um público bem fiel. Normalmente, quem passava o feriadão na capital não tinha muito opção de folia, hoje há quem não troque os bloquinhos paulistas por nada! Conversamos com a galera do bloco Olha o Sucesso para entender como que é e de onde surgiu a ideia de ter um bloco na cidade de pedra.
O bloco Olha o Sucesso surgiu de um sonho de amigos pernambucanos que moram em São Paulo. “Eu me mudei para cá em 2011, e fiz muitos amigos de Recife por aqui. Viramos um grupo de 30 a 40 pessoas que, sempre às vésperas do Carnaval, nos reuníamos e comentávamos saudosos sobre a falta que o Carnaval de Pernambuco faz aqui. A festa de lá não tem igual!”, conta Manuela Alcoforado, uma dos quatro fundadores do bloco.
Foi em outubro de 2015 que Manuela e mais três amigos (Bartolomeu Cavalcanti, Thiago Gomes e Pedro Henrique Carvalho) tiveram uma epifania: “Nosso bloco vai desfilar nas ruas de SP no Carnaval de 2016, e ele será um sucesso!”. No mesmo mês, inscreveram o bloco no site da Prefeitura de SP e o batizaram de “Olha o Sucesso”, uma homenagem a uma das frases mais ouvidas no Carnaval de Olinda e já como um prenúncio do sucesso que o bloco faria.
“A ideia maior agora era trazer o que faltava no Carnaval de SP naquele momento pra gente: o frevo. Acho que até hoje continua sendo uma proposta única. Só conhecemos mais um bloco, que tem essa proposta de trazer o frevo do Carnaval pernambucano para São Paulo, sendo que somos o único composto por pernambucanos.”, relata Pedro Henrique Carvalho, outro fundador do bloco.
Olha o Sucesso tem como símbolo um guaiamum (crustáceo típico da região) segurando uma latinha. As cores que representam o bloquinho são o azul, que remete a céu, mar, litoral, boas energias, e o laranja, que simboliza o sol do verão tórrido de Pernambuco, a vibração e a energia contagiante do carnaval.
Foto: Cultura Leste
Depois de fundar o bloco, veio a pergunta: “Como conseguir dinheiro para colocar o bloco na rua?”. A proposta do Olha o Sucesso é ser uma homenagem ao Carnaval de Pernambuco, sendo 100% autêntico, com orquestra de frevo e estandarte. Os fundadores foram atrás de músicos que tocassem frevo em São Paulo (um baita desafio) e de um artista que confeccionasse estandartes. Esses eram os maiores custos para o desfile do bloco.
A ideia de fazer uma campanha de financiamento coletivo foi um sucesso. A campanha aconteceu no site da Benfeitoria, uma plataforma de crowdfunding. Doações eram pedidas para amigos, entusiastas e a todos que acreditavam no sonho desses quatro amigos. Em troca das doações, produziam camisetas, adesivos, cartazes e criavam kits com itens indispensáveis do frevo (confete, serpentina, sombrinha de frevo, camisinha térmica para cerveja). Assim, conseguiram atingir a meta da campanha (R$ 8 mil reais). Além dessa campanha, também promoveram duas prévias de carnaval e sempre fazem festas ao longo do ano, contando com patrocínios e incentivos de amigos, familiares e apoiadores do bloco.
Para Manuela, fundar um bloco foi a realização de um sonho: “Me sinto muito orgulhosa de ter trazido a cultura pernambucana para SP e de estar difundindo a cada festa que fazemos. Fico muito feliz em reunir todos os meus amigos, pernambucanos de nascença ou de coração, em momentos para celebrar a nossa cultura. Essa é a minha bandeira: continuar divulgando a nossa cultura! ”
“O que mudou significativamente com o bloco foi que meu amor por Pernambuco aumentou, minha relação com a cidade como local físico e simbólico mudou, tanto como minha relação com São Paulo. Me aproximei de pessoas relacionadas à Cultura que me encantaram e me mostraram novas coisas”, conta, ainda, Pedro Henrique. Para ele, o mais importante, é sentir que dá para fazer uma coisa que te realiza plenamente e que o resultado consegue te fazer feliz de verdade.
Texto: Marina Ruiz Romano
Edição: Marcela Schiavon