Somente 1,8% da população brasileira doa sangue regularmente, de acordo com o Ministério da Saúde. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que as doações nacionais fiquem entre 1% e 3%, mas por causa da pandemia, o número de doadores no Brasil caiu, aproximadamente, 20% no ano passado. Em março de 2021, o Hemorio, entidade pública do Governo do Estado do Rio de Janeiro, lançou a campanha Cada Gota Importa, que teve como embaixadora a cantora Pocah, como forma de incentivar a doação.
As transfusões seguras de sangue salvam vidas, mas nem todos têm acesso à elas. Em maio de 2005, a OMS estabeleceu que 14 de julho seria o Dia Mundial do Doador de Sangue para agradecer os doadores e promover as doações voluntárias.
O dia também é uma oportunidade para pressionar governos e autoridades da saúde nacional a implementar políticas públicas mais eficientes, como também assegurar recursos e infraestrutura adequados para as doações de sangue.
Kleber Oliveira, de 38 anos, é autônomo. Sobre a sua experiência com doação de sangue ele relembra: “A primeira vez que eu quis doar foi quando meu pai foi assaltado, levou dois tiros, eu tinha 17 anos. E aí eu não podia doar porque era menor. Com 23 anos eu tive a oportunidade de doar, porque eu comecei a trabalhar em um hospital.” Ele manteve as doações por cinco anos.
O estranhamento foi grande em sua primeira doação. “É tudo muito novo. Eu nunca tinha sido internado, deitado numa cadeira hospitalar… e aquelas bolsas de sangue, aquela estrutura hospitalar”, relata.
Apesar do ambiente estranho não há nada de assustador. Os profisionais são bem preparados e há uma série de etapas para garantir a segurança no processo, tanto para o doador quanto para quem vai receber a doação. “Não dá medo, de forma alguma.”
- “Doar sangue salva vidas”
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Foto: Reprodução/Acervo Pessoal.
Em abril de 2016, Mariana Yonezaki, hoje com 25 anos, estava passando por um momento muito difícil e fez uma lista de coisas que ela queria fazer antes de morrer. Entre os itens estava “doar sangue”.
“Doei pela primeira vez em dezembro de 2018 e foi muito melhor do que eu esperava. Sempre tive vontade, mas ou estava fazendo uma tatuagem ou colocando um piercing novo… até que decidi que doaria. Esperei um ano da minha última tatuagem e fui sozinha. Tinha medo de que pudesse doer ou passar mal, mas foi tudo muito tranquilo. [Fui] muito bem atendida do início ao fim.”
Depois da primeira vez, Mariana doou outras três vezes, em 2019. “Em 2020 não fui… Não me senti segura no início da pandemia, estava muito assustada com tudo e não sai de casa além do básico do básico mesmo.”
Em janeiro deste ano, ela foi doar com o namorado. “Fomos em janeiro desse ano e iremos retornar nessa semana para mais uma doação. Quero começar a manter uma distância menor entre uma doação e outra, respeitando os 4 meses entre elas.”
Para quem tem dúvidas se vai doar ou não, Mariana deixa o recado: “Vá! Todo processo é muito organizado e seguro. Doar sangue salva vidas e você precisa só daquilo que seu próprio corpo já produz sozinho, o sangue. É gostoso saber que podemos fazer o bem ao próximo de uma forma tão simples, segura e rápida.”
Além de ser doadora, ela também é voluntária do grupo Somando Mais Ações, que reúne vários projetos sociais. Entre eles, o Bem da Madrugada, que ajuda pessoas em situação de rua, e o Dia do Bem, que promove diversas experiências inovadoras e teve como primeira atividade uma campanha de doação de sangue em março deste ano.
- Níveis em alerta
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Foto: Reprodução.
No site da Fundação Pró-Sangue, uma instituição pública da Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, somente os estoques para os tipos sanguíneos A e AB estão estáveis, enquanto os outros tipos estão em níveis de alerta ou crítico.
- O que é preciso para doar?
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Foto: Reprodução/@prosangue.
Para doar é preciso se atentar para algumas orientações. Você deve ter entre 16 e 69 anos (desde que a primeira doação tenha sido feita antes dos 60), ter pelo menos 50 kg, dormir bem na noite anterior e estar alimentado. Também é importante respeitar os intervalos entre as doações, que são diferentes para homens e mulheres. Enquanto eles precisam esperar 60 dias, elas só podem doar após 90 dias.
Além disso, existem condições que podem te impedir de realizar a doação de sangue. Como comentado por Mariana, tatuagem e piercing exigem uma espera de 12 meses.
Caso já tenha pego Covid-19, é possível fazer a doação, mas só depois de 30 dias e se não tiver mais sintomas. Para mais informações, acesse os sites da Pró-Sangue, Hemorio ou outra instituição estadual.
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Esse artigo foi editado por Larissa Cassano.
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