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Por Dentro Dos Jogos Paralímpicos: 5 Curiosidades Sobre A Competição

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Pela primeira vez na história, Paris será a cidade-sede dos Jogos Paralímpicos de Verão — evento que tem a oportunidade de chamar a atenção do planeta para o esporte e a inclusão de pessoas com deficiência. Neste ano, terão ao todo 185 Comitês Paralímpicos Nacionais, cerca de 4.400 atletas e 22 modalidades. Os esportes mais recentes são o badminton e o taekwondo, que estrearam nos últimos Jogos de 2020 em Tóquio.

Em termos de vendas de ingressos, os Jogos Paralímpicos são considerados o terceiro maior evento esportivo do mundo, ficando atrás apenas dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo da FIFA. Para continuar inteirado das oportunidades esportivas e sociais mais inclusivas que esse evento promove, conheça algumas curiosidades a respeito do mundo paralímpico.

A origem de tudo

O início dos jogos paralímpicos se deu com os britânicos na década de 1940. Especificamente em 1944, no período em que ocorreu a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido estabeleceu um hospital chamado Spinal Injuries Centre ou, na tradução para o português, “Hospital de Lesionados Medulares”. Localizada na vila de Stoke Mandeville e conduzida pelo médico alemão Ludwig Guttmann, a instituição era especializada no tratamento de soldados com lesões medulares.

Como uma ferramenta de reabilitação, Guttman organizou diversas práticas esportivas para seus pacientes. Foi finalmente em 1948 que ficou marcada a primeira competição dos chamados “Stoke Mandeville Games”, em que 16 veteranos de guerra com lesões na medula espinhal praticaram esportes.

Quatro anos depois, alguns competidores da Holanda também começaram a participar dos jogos, e assim nasceu o movimento internacional, atualmente conhecido como Movimento Paralímpico.

Após o fim dos Jogos Olímpicos de 1960, os Jogos de Stoke Mandeville foram levados para Roma, na Itália, que sediou as Olimpíadas daquele ano e também o que são reconhecidos hoje como os primeiros Jogos Paralímpicos da história. Naquele ano, 400 atletas com deficiência de 23 países se reuniram para disputar apenas oito modalidades.

A competição começou a ganhar maior visibilidade somente em 1988, em Seul, na Coreia do Sul, quando os atletas paralímpicos puderam usar a mesma estrutura dos olímpicos, chamando maior atenção para o evento. Graças a essa mudança significativa, em 1989, surgiu o Comitê Paralímpico Internacional (CPI).

Para proteger a organização dos Jogos Paralímpicos e garantir que eles fossem incluídos na mesma cidade-sede onde ocorrem as Olimpíadas, um acordo foi assinado entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o CPI, em 2001, e felizmente segue em vigor até hoje.

Classificações

O CPI é o órgão responsável pelos Jogos Paralímpicos. É ele quem define os esportes que participam da modalidade, assim como o protocolo que determina as regras das competições e o sistema de classificação. Esses critérios servem para analisar a deficiência e o grau de funcionalidade de cada atleta, para designá-los a cada esporte, de modo que as competições sejam justas.

Para receber a devida classificação para as provas, os competidores passam por testes de função e movimento com profissionais de medicina esportiva.

Em comparação com o número que compõe o grupo de atletas olímpicos, o grupo dos participantes paralímpicos é muito menor. Para se ter uma ideia, nas Olimpíadas de Paris-2024, participaram 10.500 competidores, enquanto são esperados 4.400 atletas nas Paralimpíadas.

Devido à falta de oportunidades nesse meio, algumas das grandes referências entre os atletas paralímpicos não se encaixam no perfil de idade comum entre os olímpicos.

Alguns atletas já ultrapassaram os 70 anos, podendo somente ter chegado ao máximo de desempenho no esporte escolhido nessa idade devido às circunstâncias, como parte de um programa de reabilitação ou após um acidente que gerou a deficiência.

A capacidade dessas pessoas serem excelentes esportistas geralmente também demora a ser revelada por causa da percepção tardia daqueles que dão suporte a pessoas com deficiência, como também pela falta de acesso físico a instituições esportivas.

MODALIDADES

As modalidades são destinadas e adaptadas a atletas com deficiências motoras ou mentais, amputados, cegos e pessoas que sofreram paralisia cerebral.

O que muitos não sabem ao assistir aos jogos é que não existem modalidades específicas para atletas surdos, e eles não podem participar do evento. Isso acontece porque o Comitê Internacional de Desportos de Surdos não é filiado ao Comitê Paralímpico Internacional. Assim, os surdos possuem o seu próprio evento poliesportivo, as Surdolimpíadas.

Apesar da maioria dos jogos poder ser reconhecida por quem acompanhou os eventos Olímpicos, existem certas modalidades exclusivas, das quais apenas atletas com deficiência participam, como o goalball e a bocha.

Jogado por dois times compostos de três jogadores com deficiências visuais de cada lado da quadra retangular, o goalball tem como objetivo atirar uma bola pesada, que tem guizos para orientar os atletas, na rede do time adversário, enquanto a defesa bloqueia o avanço do concorrente com o próprio corpo.

Realizada em quadra fechada, na bocha, o objetivo dos atletas é fazer com que as bolas cheguem perto do alvo, seja por chutes, rolamentos ou atirando as bolas. A disputa pode ser jogada individualmente, em pares ou equipes, incluindo jogadores com paralisia cerebral e outros tipos de problemas motores.

Confira a lista completa de modalidades:

  • Atletismo paralímpico
  • Badminton paralímpico
  • Basquete em cadeira de rodas
  • Bocha
  • Canoagem paralímpica
  • Ciclismo de estrada paralímpico
  • Ciclismo de pista paralímpico
  • Esgrima em cadeira de rodas
  • Futebol de cegos
  • Goalball
  • Halterofilismo paralímpico
  • Hipismo paralímpico
  • Judô paralímpico
  • Natação paralímpica
  • Remo paralímpica
  • Rugby em cadeira de rodas
  • Taekwondo paralímpico
  • Tênis em cadeira de rodas
  • Tiro com arco paralímpico
  • Tiro esportivo paralímpico
  • Triatlo paralímpico
  • Vôlei sentado

Símbolos

Pela primeira vez, tanto as Olimpíadas como as Paralimpíadas estão compartilhando o mesmo logotipo, representado por um emblema que une uma medalha de ouro, uma chama e o símbolo da revolução e nação francesa, Marianne.

Enquanto os anéis olímpicos enfeitaram a Torre Eiffel, os agitos paralímpicos (símbolo oficial das Paralimpíadas) foram colocados no Arco do Triunfo. O símbolo foi criado em 2003 e contém três arcos em vermelho, verde e azul, para representar as correspondentes cores das bandeiras nacionais ao redor do mundo e o lema paralímpico: “espírito em movimento”.

Já a mascote Phyrge, cujo design é o da famosa boina que representa a liberdade para a França, ganhou grande destaque pois, apesar de ser semelhante à mascote olímpica, possui um diferencial jamais visto em outras mascotes das antigas edições: uma prótese esportiva de corrida à mostra em sua perna.

O projeto das medalhas foi modificado por um grupo de artesãos da joalheria Chaumet e ganhou detalhes exclusivos e inclusivos para os competidores. Os pedaços de ferro original da Torre Eiffel foram mantidos, porém agora com o desenho de uma representação gráfica da torre de uma perspectiva ascendente na parte frontal. Já na lateral, as palavras “Paris” e “2024” foram escritas em Braille universal, além do registro crescente para diferenciar as cores do objeto: I para ouro, II para prata e III para bronze.

DELEGAÇÃO BRASILEIRA

Em 2024, o Brasil contará com sua maior delegação para a competição desde a sua primeira participação em 1972, na Alemanha Ocidental.

Ao todo, serão 279 representantes em 20 modalidades. Dentre eles, 254 são atletas paralímpicos e 19 são atletas-guias, sendo 18 do atletismo e um do triatlo, três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo.

No histórico de premiações do país, os brasileiros conseguiram sua primeira medalha em 1976, nos Jogos de Toronto, graças à dupla Robson Sampaio e Luiz Carlos da Costa. A medalha de prata veio da disputa no lawn bowls, um esporte que já não faz mais parte da atual programação, mas que é muito semelhante à bocha.

Quando se trata das mulheres, o nome de Márcia Malsar recebeu grande destaque no ano de 1984, que teve como palcos do evento Nova York, nos Estados Unidos, e Stoke Mandeville, na Inglaterra. A brasileira ganhou ouro nos 200m C6, prata nos 1.000m cross country e bronze nos 60m C6.

Os números não escondem que o nadador Daniel Dias é o atleta paralímpico que mais conquistou pódios para o Brasil. Dono de 27 medalhas, ele concluiu sua participação nos Jogos na última edição, em Tóquio, encerrando sua carreira com louvor, levando três bronzes nas provas de 100m e 200m livre e no revezamento misto 4x50m livre 20 pontos. Além das tão famigeradas medalhas, o nadador também já foi premiado com diversos títulos ao longo dos anos, especialmente o de melhor atleta paralímpico do mundo, após quebrar cinco recordes na natação nos Jogos Paralímpicos de Londres-2012.

No total, o Brasil já contabiliza o incrível número de 373 medalhas paralímpicas (109 de ouro, 132 de prata e 132 de bronze). Sua melhor participação foi na edição Tóquio-2020, em que os atletas conquistaram 72 medalhas (mesma quantidade obtida nos Jogos do Rio-2016) e terminaram a competição em 7° lugar. Esse número coloca o Brasil como uma das grandes referências mundiais do esporte paralímpico, revelando o potencial e a importância que esse evento tem de ressignificar não somente a vida dos atletas, como também impactar os seus torcedores e espectadores de todas as nações.

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O artigo acima foi editado por Beatriz Rocha.

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Journalism student at Faculdade Cásper Líbero and a Christian girl who wants to tell the truth about everything.