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Rússia X Ucrânia: Como o Conflito Está Afetando o Brasil

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Em um mundo altamente globalizado, conflitos e guerras, como a que está acontecendo entre a Rússia e Ucrânia, geram impactos de escala global. A guerra, que teve início em 24 de fevereiro, com os ataques militares russos à Ucrânia, já está impactando muitos países. Em pouco mais de dois meses, o Brasil, que sempre manteve boa relação comercial com os dois países envolvidos no atual conflito, se depara com consequências preocupantes.

Entre os setores brasileiros que serão mais afetados estão o do petróleo e seus derivados e o de fertilizantes, visto que a Rússia é um país muito importante no cenário internacional em relação às exportações desses e outros produtos. No dia 10 de março, a Petrobras anunciou aumento nos preços da gasolina (18,8%), gás de cozinha (16,1%) e diesel (24,9%). Devido à política de Preço de Paridade de Importação, as refinarias vendem os derivados de acordo com valor do barril no mercado internacional. Com aumento no valor dos combustíveis há um efeito dominó, e Renan Pieri, professor na EAESP-FGV, destaca que os impactos se espalham por todos os setores econômicos, uma vez que o custo logístico afeta a economia como um todo.

No Brasil, 85% dos fertilizantes são importados – de acordo com dados do Comex Stat do Ministério da Economia, em 2021, 23,3% vieram da Rússia. Essa alta dependência preocupa especialistas, visto que, já que segundo a ministra da agricultura, Tereza Cristina, atualmente “nós não temos navios, nem seguro para esses navios para poder carregar esses fertilizantes do mar Báltico e Negro”. Em uma live semanal do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, ela também disse que os estoques duram até outubro. 

Simão Silber, professor doutor de economia na FEA e atual presidente do Conselho Curador da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), afirma que há risco de desabastecimento do insumo e que a safra de 2023 pode ser comprometida pela falta de fertilizantes. Além disso, a própria ministra, durante a mesma live de 3 de março, diz que a questão desse insumo deve impactar nos preços de alimentos no Brasil e no mundo.

Em 11 de março, a fim de resolver esse problema, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), para promover o desenvolvimento do agronegócio e diminuir a dependência de importações nos próximos 28 anos. Em entrevista com Simão Silber, ele afirma que o Brasil tem condições de aumentar gradualmente a produção de fertilizantes para substituir a importação russa “Tem terras na região Norte e no Centro Oeste com grandes depósitos de potássio. Já do gás natural, a Petrobras é uma grande produtora, e ela pode transformar isso em nitrogenado. Ela tem, inclusive, em Minas Gerais, uma usina de produção de fertilizante nitrogenado”.

Segundo Silber, o preço do trigo aumentou 70%, apesar do Brasil não importar a maior parte da Rússia, e sim da Argentina, o preço é fixado no mercado mundial. ”Também teremos impacto disso no custo de vida, já estão estimando que o pãozinho nosso de cada dia vai ter já de cara  um aumento de 20%”. Outras commodities também seguem a tendência de aumento, o que afeta diretamente o preço dos alimentos, como no caso do milho, que é utilizado também na fabricação de ração e seu encarecimento acarreta o mesmo para o valor das carnes. 

As projeções de taxas de juros e de expectativa de inflação estão sendo revisadas – “Se a gente esperava um IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para esse ano perto da casa dos 6,5, agora podemos esperar pelo menos um a dois pontos percentuais a mais de inflação, por conta desses efeitos da guerra no longo prazo”, diz Renan Pieri. Com alta na inflação, é de se esperar que o Banco Central suba a taxa de juros para combater a inflação. Em frente a todos esses problemas, segundo Ricardo Gennari, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo, “precisamos de planejamento e políticas governamentais para suprir as necessidades do país”. Conforme Simão Silber, em duas semanas de guerra a Rússia retrocedeu de um avanço de 30 anos de relacionamento comercial financeiro com países ocidentais, e o Brasil terá que se adaptar a uma nova realidade.

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O texto acima foi escrito por Victória Abreu e editado por Mariana Miranda Pacheco. Gostou deste tipo de conteúdo? Então, confira a home page da Her Campus Cásper Líbero para mais!

Victória Abreu

Casper Libero '25

Estudante de jornalismo na Cásper Líbero, pisciana curiosa, gosto de aprender e falar de tudo um pouco