A estreia da série “Bom dia, Verônica” em outubro deste ano movimentou as redes sociais. Muito comentada e sucesso na plataforma, a produção inspirada na obra homônima de Ilana Casoy e Raphael Montes foi protagonizada por Tainá Muller, Eduardo Moscovis e Camila Morgado e dirigida por José Henrique Fonseca.
A série conta a história da escrivã Verônica, que acaba se atraindo pela investigação de casos de violência contra a mulher quando presencia um suicídio de uma vítima de abuso na delegacia em que trabalha. São apresentadas ao telespectador duas histórias paralelas, uma envolvendo a vítima recentemente morta e outra de Janete (Camila Morgado), que sofre na mão do marido policial Brandão (Eduardo Moscovis), agressor com tendências assassinas.
É nítido o esforço dos produtores de retratar um tema de tamanha relevância social sem banalizá-lo ou romantizá-lo. A emoção é um dos elementos mais presentes e utilizados, e faz com que o espectador se envolva com o sofrimento de uma vítima e anseie por justiça juntamente com a protagonista. Mesmo assim, a série conta com ação e consegue extrair do drama um aspecto violento que relembra o dos serial killers americanos, fator que representa certa inovação no mercado nacional.
Ao se aprofundar nos casos e se relacionar pessoalmente com as denunciantes, Verônica começa a ter problemas não só no campo profissional mas também familiar. Alguns de seus colegas de trabalho se mostram interessados em proteger Brandão, um policial conhecido e renomado. Sua jornada passa a ser dupla, não apenas em defesa da mulher, mas contra a formação de milícias dentro do próprio órgão de justiça do qual faz parte.
É interessante notar que a trama, apesar de dolorosa, se faz “maratonável” a ponto de prender o telespectador e atraí-lo para a história de cada um dos personagens e para o desejo de um desfecho justo. Já sobre a inspiração literária, a obra recebeu algumas críticas por “entregar uma versão higienizada da história” e abrir mão da ambiguidade apresentada pelo livro.
O elenco é, certamente, o ponto alto da série e pode-se dizer que as escolhas sobre os atores foi crucial para sensibilizar o público do sofá ao mesmo tempo em que o atrai pela violência. Janete (Camila Morgado) consegue demonstrar angústia, medo e culpa interna sem ao menos externalizar esses sentimentos para quem a assiste.
Assim como o início, o fim também surpreende e nos instiga a esperar por uma continuidade e até pela vingança de Verônica, que tem seus laços pessoais e profissionais abalados pelo que descobre ao longo da história. Apesar da Netflix não ir muito além de transmitir a mensagem, é meritória a intenção de tratar sobre a violência psicológica e física da mulher no Brasil, principalmente em uma plataforma com tamanho alcance e renome.
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The article above was edited by Helena Figueroa.
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