A #SemNicotina começou quando o influenciador Gustavo Foganoli viu nas redes sociais uma oportunidade de incentivar ele mesmo e seu público a parar com o uso dos cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como Pods ou Vapes. A nicotina é uma substância altamente viciante presente nos cigarros eletrônicos. “Muitos acham que podem parar de fumar do nada, mas não funciona desse jeito. O parar de fumar tem que ser uma decisão. E eu tomei essa decisão porque vi que era algo que eu simplesmente utilizava como um escape para minha ansiedade”, comenta o influenciador em vídeo na plataforma TikTok.
Ele compartilha sua rotina sem o uso de cigarros eletrônicos com a #SemNicotina, que já ultrapassou 30 milhões de visualizações no TikTok. O projeto começou quando o influenciador percebeu que tal hábito estava atrapalhando sua vida e sua carreira, afetando também o psicológico dele.
Foganoli fumava cigarro desde os 14 anos, até conhecer os vapes durante intercâmbio nos Estados Unidos, aos 17 anos. Em seus vídeos ele mostra que o vício não é apenas habitual, mas também químico.
“Pensei no projeto exatamente para criar uma comunidade de apoio na hashtag. Tive esse insight de que eu poderia ajudar outras pessoas, o que me trouxe mais incentivo. E expor essa fragilidade demonstra um comprometimento público, assim você consegue o apoio de outras pessoas”, relata Gustavo Foganoli nas redes sociais.
Outros influenciadores como João Pedro Mota (JP Mota) e Fernanda Schneider (Fefe) apoiaram a hashtag e estão mostrando sua rotina sem os cigarros eletrônicos para seus seguidores. O projeto incentivou muitos usuários a pararem de fumar após serem conscientizados pelos “influencers” que seguem, mas será que é possível parar de fumar do dia para a noite?
Em entrevista com a psicóloga Natália Delmonde, ela diz que fumar é algo físico e psicológico. O tabagismo está ligado a quatro transtornos: ansiedade, depressão, transtornos de humor e personalidade.
Ela explica que a nicotina é uma substância química que modifica o nosso cérebro e desperta a dopamina, um neurotransmissor que estimula a zona de prazer, e é isso que causa a dependência nos cigarros eletrônicos
A produção de dopamina no corpo é algo que você procura reequilibrar, a pessoa quando para de fumar busca outras formas de sentir essas sensações, assim como Foganoli, que está repondo a nicotina em seu corpo com adesivos e chicletes de nicotina. A sua ausência completa no corpo leva a abstinência, sentimentos depressivos e ansiosos voltam à tona.
Segundo Natália, existem 6 estratégias para acabar com o vício, elas são:
1- Conhecer a dinâmica da dependência física;
2- Identificar as fontes que levam a fumar;
3- Fazer outras atividades que despertam o prazer;
4- Buscar apoio, inclusive profissional;
5- Ajuda de medicamentos para ansiedade e depressão e também de reposição de nicotina (chiclete e adesivo);
6- Participar de grupos de apoio.
Relatos
Ao conversar com alguns jovens, é notável que os vapes tem uma forte presença na realidade adolescente, que começam a fumar muitas vezes por influência ou por moda, sem pensar que pode vir a ser um vício. Dessa forma muitos não imaginam a dificuldade de parar com esse hábito futuramente.
Gabriel, 18 anos
“Comecei a fumar aos 16 e acho que dá pra parar de fumar de um dia para o outro sim, só precisa de uma motivação, mas geralmente é bem mais complicado do que parece porque quem fuma não pretende parar dessa forma já que é algo que permite uma sensação boa, como a calma. Comecei a fumar por pura curiosidade.”
Júlia, 19 anos
“Eu fumo desde 2019, quando tinha 14 anos e comecei fumando narguilé em festas. Hoje fumo pod e tabaco por pura ansiedade. Queria muito parar de fumar porque gasto um dinheirão nisso e poderia estar gastando com coisas que me agregam mais. Comecei a fumar para fazer “parte da galera” e acabei me viciando nisso. Acredito que não dá para parar de fumar de uma hora para a outra por conta da forte abstinência, uma vez tentei e comecei a ficar com dor no corpo, tremedeira e boca seca. Então acho que ir parando gradualmente é melhor e menos traumático.”
Júlia, 18 anos
“Eu comecei muito cedo, acredito que aos 14. Acho que o que mais me incentivou foi uma amiga minha, que me apresentou o Pod e depois quis comprar o meu também. Comecei a usar e não achava que estava viciada, pra mim era inofensivo mas eu passava o dia inteiro usando. Eu nem pensava mais quantas vezes usava, deixava do lado da minha cama e quando acordava já estava com ele na boca. Não acho que eu estava tão viciada, mas eu sofri um pouco sim pra parar, porque usava ele como um escape para a minha ansiedade. Parei de fumar aos 16 por conta de uma promessa e hoje não sinto mais vontade de fumar, parar de fumar de um dia para o outro não dá certo para todo mundo mas deu certo pra mim porque me agarrei muito a essa promessa, fiquei com medo de fumar.”
Luís, 18 anos
“Fumo desde os 16, comecei porque o cheiro era bem melhor do que o cigarro. Acho que dá pra parar de fumar de um dia para o outro, mas não conseguiria parar se me pedissem hoje.”
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O artigo abaixo foi editado por Ana Carolina Carvalho.
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