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Culture

Silvio Santos e Cid Moreira: As grandes perdas da comunicação brasileira em 2024

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

O ano de 2024 reservou grandes perdas para a comunicação brasileira. Silvio Santos e Cid Moreira, talvez os dois maiores do Brasil, nos deixaram com apenas alguns meses de diferença. Que tal relembrar um pouco da brilhante trajetória de cada um?

SILVIO SANTOS ERA O COMUNICADOR,…

…era o dono do SBT, era Senor Abravanel para a família e o apresentador que reunia milhares em frente a televisão todo final de domingo para o início de uma semana mais alegre. Essas são apenas algumas as formas como Silvio Santos era conhecido, e assim seguirá por muitas gerações.

No dia 12 de dezembro de 1930, nasceu Senor Abravanel, na capital do Rio de Janeiro, bairro da Lapa, filho de imigrantes judeus. Sua carreira se iniciou fazendo o poder da comunicação valer pelas calçadas da cidade carioca como vendedor de rua com seu irmão Leon. Ambos iniciaram a carreira como camelôs, após verem, no ano de 1946, um ambulante vendendo capinhas transparentes para título de eleitor e decidirem então empreender da mesma maneira.

Sua habilidade de persuasão aliada a sua voz eram o que o tornava diferente e o que chamava a atenção das pessoas, resultando, mais tarde, em um início de carreira como locutor na Rádio Guanabara – apesar de não ter ficado muito tempo no cargo, já que ganhava mais dinheiro com as vendas. Entretanto, quando completou 18 anos, foi convocado para servir ao Exército, o que exigiu o abandono da vida regida pelas vendas e o retorno à rádio (dessa vez em Niterói), a fim de seguir tendo uma renda.

Dois anos mais tarde, Silvio se mudou para São Paulo, na tentativa de crescer e aprender ainda mais. Durante o início da vida na nova cidade, ele apresentou espetáculos, fez sorteio em caravanas, conseguiu o cargo de locutor na Rádio Nacional de São Paulo e criou uma revista de passatempos, chamada “Brincadeiras para Você”. 

O BAÚ DA FELICIDADE

O espírito empreendedor nunca deixou de fazer parte do radialista que, em 1958, começou a fazer parte do sistema de carnês Baú da Felicidade, do também radialista Manoel da Nóbrega, que precisava de ajuda para administrar a empresa. O Baú funcionava por meio do pagamento mensal das prestações de uma caixa de brinquedos ao longo do ano e, no Natal, o cliente recebia os produtos. 

Porém, Silvio viu ali uma oportunidade de se tornar dono do Baú e expandir o negócio. Ao longo da década de 60, passou a distribuir outros produtos além de brinquedos e fundou empresas como a Baú Construtora, a concessionária Vimave e a Marca Filmes. Foi ali também quando mais precisou investir na administração financeira, já que o país passava por um período de altos índices inflacionários. Para tanto, criou a Baú Financeira em 1969, (que viria a se tornar o Banco PanAmericano) e que deu forças ao Grupo Silvio Santos para ganhar o reforço da Liderança de Capitalização cinco anos mais tarde e, em 1991, dar origem à TeleSena.

DE TVS À SBT

Em 1975, o então radialista realizou o sonho de ter sua própria emissora de televisão, ao vencer a concorrência para o carioca Canal 11 e criar a TVS. Em 1981, ganhou a concessão de mais quatro canais, o que passou a integrar o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). A partir daí, as conquistas só cresceram:

A Consolidação do SBT veio entre 1980 a 1990, já em 2006, houve a fundação da empresa de cosméticos Jequiti e em 2007, a inauguração do Hotel Sofitel Jequitimar Guarujá.

Dessa forma, além de radialista e apresentador, Silvio Santos se tornou um dos maiores empresários do país, um exemplo de luta e persistência e um dos mais renomados comunicadores da história nacional, impactando não somente a forma de se fazer televisão, mas também a vida de cada um que o assistia. 

DO FIM DA VIDA AO LEGADO QUE PERSISTE

No dia 17 de agosto de 2024, Silvio Santos faleceu no Hospital Israelita Albert Einstein, aos 93 anos, em São Paulo, decorrente de uma broncopneumonia. No entanto, o legado dele e sua importância na história dos brasileiros se mantém vivo, como para Fausta Fonseca, por exemplo, que acompanhava o apresentador desde os 20 anos de idade e colecionava revistas, livros e bonecos desde então.

Ela o conheceu quando foi ao seu programa ainda na Rede Globo e o considerou uma pessoa muito “interessante, elegante, educada e inteligente”. A partir desse dia, Dona Fausta começou a acompanhá-lo pela rádio e a frequentar o teatro em que ele gravava os programas, na Pompeia. Quando a notícia de sua morte chegou, foi como se ela tivesse perdido alguém muito próximo e começou a chorar, refletindo a relevância que o apresentador teve em sua vida.

Ao construir uma emissora baseada nos valores da família, da diversão, do carisma e da empatia, Silvio Santos transformou sua audiência em “colegas de trabalho” e não as manteve apenas como meras espectadoras de seu programa, é o que contam as mulheres que organizavam e participavam das caravanas que formavam as plateias no SBT em uma reportagem da emissora

CID MOREIRA, A VOZ MAIS MARCANTE DO JORNALISMO NACIONAL

O ano de 2024 também foi responsável pela perda do taubateano Cid Moreira, primeiro apresentador do Jornal Nacional, em setembro de 1969.

Nascido em 1927 no município de Taubaté, no Vale do Paraíba (SP), Cid iniciou sua jornada como comunicador aos 17 anos na rádio, ao ser incentivado por um amigo a fazer um teste de locução da Rádio Difusora, emissora local. Seguiu na jornada e cinco anos depois, se mudou para a capital e conquistou vagas na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.

Em 1951, foi contratado pela rádio carioca Mayrink Veiga e, simultaneamente, começou a ter acesso às suas primeiras experiências na televisão pela TV Rio, apresentando comerciais. 12 anos depois, estreou no telejornalismo no Jornal da Vanguarda, na mesma emissora, bem como nas TVs Tupi, Globo, Excelsior e Continental.

DO JN PARA O MUNDO

Em 1969, Cid foi convidado para dividir a bancada do recém-lançado Jornal Nacional com o jornalista Hilton Gomes e, em 1971, conheceu Sérgio Chapelin, símbolo da apresentação do Globo Repórter e também parceiro de bancada de Moreira. 

Foram 26 anos desejando “boa noite” à população brasileira até se voltar à leitura de editoriais em 1996, quando o JN sofreu uma reformulação e assim, passou o bastão para William Bonner e Lillian Witte Fibe

Além disso, Moreira ficou gravado na memória nacional por meio de participações no “Fantástico”, gravações de salmos bíblicos e, posteriormente, a gravação da Bíblia na íntegra, sendo um grande sucesso de vendas. 

PARA ALÉM DAS CÂMERAS E MICROFONES

Cid Moreira faleceu aos 97 anos em 03 de outubro de 2024. O corpo se foi, mas a agenda que escrevia tudo que fazia; o apelido de “caolho” recebido na infância; o período vendendo desenhos de mulheres nuas para ter uma renda extra; o vício passageiro em jogar tênis e as risadas ouvidas ao ser chamado de Alcides ou Aparecido durante a vida – por não acreditarem que seu nome era mesmo Cid – ficarão na memória de quem viveu com ele e acompanhou sua história.

Juntamente a isso, a voz de Cid ainda ecoa por trás do “boa noite” de Bonner, a forma de se fazer jornalismo persiste no coração dos futuros jornalistas, os encontros com Sérgio Chapelin seguem nas suas melhores memórias e a admiração a sua pessoa por todo o Brasil permanecerão vivos. Seu nome continuará sendo buscado no youtube para ver seus trabalhos, as gravações da Bíblia serão re-escutadas e biografias para o manter vivo prosseguirão sendo escritas por muito tempo.

Boa noite.

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O artigo acima foi editado por Júlia Salvi.

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Marina Buozzi

Casper Libero '27

A journalist in formation passionated about Communication and discovering new stories, living unusual experiences and learning different things.