Uma das tendências de moda mais vistas nas redes sociais atualmente é a estética Tomato Girl. Altamente inspirada pela idealização do verão europeu, a combinação de looks fluídos, com estampas de frutas e excesso da cor vermelha, tem conquistado jovens que desejam um visual mais natural e minimalista.
Mas a Tomato Girl é mais do que apenas looks: ela também diz respeito ao estilo de vida leve e cheio de contato com a natureza daquela pessoa que está aproveitando os dias quentes de verão no sul da Itália ou em alguma ilha grega. Tudo é fresco, colorido, com mulheres bronzeadas que sempre parecem relaxadas e tranquilas.
Vermelho sempre!
O que conduz a nova tendência é a cor vermelha (vista no tomate que dá o nome à estética) em roupas, acessórios e maquiagens, trazendo a lembrança do verão, com pele corada de sol e também da feminilidade presente nas roupas. É possível notar elementos de outras estéticas como a “clean girl” e “coquette girl”, com elementos mais sóbrios, românticos, e da “vida de camponesa”, que seguem na direção contrária das modas maximalistas e barulhentas que o TikTok tem ajudado a disseminar.
As peças são feitas com cortes fluidos e tecidos leves como seda, linho ou algodão. Babados e estampas estão sempre presentes, principalmente as que levam desenhos de frutas (cerejas ganham grande protagonismo) e flores. Cores pastéis, creme e branco são as mais vistas nos looks, mas o vermelho segue sendo a cor principal de todas as composições.
A inspiração no passado
A impressão de que a inspiração por trás da tendência veio de algumas décadas passadas não é por acaso. Essa estética é cheia de visuais vintages, que podem incentivar idas ao brechó e, consequentemente, um guarda roupa mais sustentável.
A professora e mestre em Têxtil e Moda pela Universidade de São Paulo, Tânia Ramo, explica mais sobre a história dos elementos da estética Tomato Girl: “Essas novas estéticas são novas composições de elementos resgatados de estilos e décadas anteriores. Não é nada novo, tudo já veio de outras tendências e informações já estabelecidas, mas se cria uma nova relação por conta das redes sociais, como o Tiktok e o Tumblr”.
Ramo também destaca a importância das estampas dentro dessa tendência. “As peças são uma mistura de elementos românticos com florais pequenos, que na estamparia chamam de Liberty, que era uma indústria que produzia esse tipo de flor, florais médios e frutas de tamanhos médios, é mais difícil encontrar pequenas ou over”, comenta.
A marca brasileira Farm, afirma a Tânia, possui uma proposta bastante semelhante à da Tomato Girl. “Vemos saias midi rodadas, mangas bufantes, vestidinhos leves, bastante coisa romântica, sempre com pele aparente”, afirma.
Essa estética também pode ser explorada no verão brasileiro, já que tem semelhanças com alguns elementos da Latina Core, “porém a latina core tem uma proposta um pouco mais sensual que essa estética, e elas usam cores mais neutras também, aparecem as mangas bufantes e informações de moda relacionadas, mas não tem a composição do vermelho”, explica a professora.
Skincare em dia e caprichar nos acessórios
As maquiagens de uma Tomato Girl são sempre básicas, investindo muito mais na skincare, mas o essencial é o batom vermelho e uma pele mais cremosa e cheia de glow, porém de uma forma natural, para combinar com o visual sun kissed. Preza-se também pelos cabelos naturais, sem muita definição ou alinhamento, e com mais movimento, frizz e ondas, como quem acabou de sair da praia.
Bandanas na cabeça, lenços, acessórios dourados, óculos de sol, bolsas baguetes, tote bags, sapatos brancos, saltos baixos no estilo Mary Jane e sandálias coloridas são alguns dos elementos chave para completar esses looks idílicos.
O perigo das novas estéticas
Tânia Ramo alerta, porém, que as tendências podem se tornar excludentes. “Você vê uma exaltação da branquitude, dificilmente a gente encontra um post de uma mulher negra fazendo esse tipo de composição nessa estética”, analisa. “Em relação ao próprio estilo de vida, quem é que vai toda hora para esses lugares tirar férias e ficar na praia, dando vinho para as amigas, tomando sol, fazendo coisas legais, com aquela aparência saudável?”, questiona a professora.
Segundo Ramo, todas as estéticas que foram criadas na internet não vingam, pois são microtendências que fazem sucesso por pouco tempo e não voltam mais. A “overdose de estéticas” acaba fazendo com que as pessoas consumam cada vez mais. “A gente tem que ter moda com propósito, não uma moda só de consumo e descarte. Acho que estamos perdendo a mão e transformando o que era moda em consumo, satisfação dos desejos e aparência”, finaliza.
Todas essas novidades que vão surgindo na moda devem servir para nos divertirmos e conhecermos novas versões de nós mesmas. A partir do momento que elas te aprisionam, aumentando o seu consumo exageradamente e impedindo que você se vista da maneira que te deixe mais confortável, elas perdem o seu papel. A moda deve ser usada como forma de expressão, sem esquecer da sustentabilidade e individualidade.
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Esse texto foi editado por Diovanna Mores Monte.
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