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‘Um sonho de anos’: Pocah lança primeiro álbum após 14 anos de carreira

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Com quase 30 anos de idade e 14 anos na música, o novo e aguardado primeiro álbum de Pocah, Cria de Caxias, será lançado nesta terça-feira (3), às 21h. “É [MC] Pocahontas ou Pocah? Ambas se complementam e a Viviane suporta esses dois alter-egos”, diz a carioca sobre seu mais novo projeto, em coletiva de imprensa na qual a Her Campus Cásper Líbero participou.

Segundo a cantora, o lançamento não é apenas um álbum, mas um projeto biográfico e conceitual que resgata suas raízes em Duque de Caxias, cidade do Rio de Janeiro onde cresceu e encontrou inspiração. Buscando refletir a conexão com suas origens, a carioca traz à tona a pluralidade de sua identidade como artista em um projeto dividido em três atos pré-revelados com exclusividade à imprensa. “Estou muito feliz, muito ansiosa. Meu coração está como se eu estivesse finalmente concretizando algo que já tenho preparado há muitos anos”, declarou a artista.

ATO POR ATO

Lançado apenas algumas semanas antes de sua apresentação no Rock In Rio 2024, o projeto contém diferentes atos que representam fases distintas da vida e carreira da brasileira, transpassando suas individualidades tanto na estrutura narrativa, quanto no conteúdo lírico e na sonoridade das faixas. Logo na primeira parte, “MC Pocahontas”, ela revisita o início de sua carreira, quando se destacou como funkeira em Duque de Caxias. “Não tem como contar a minha história sem falar do início de tudo: quando a MC Pocahontas entrou na minha vida.”

Este bloco inclui faixas capazes de evocar a energia dos primeiros bailes de funk onde a artista costumava se apresentar. Aberto com “Só De Raiva“, uma colaboração com Rebecca e Tati Quebra Barraco, que explora temas de empoderamento feminino com muito sarcasmo e deboche, ainda temos “Gostosas No Topo“, “Di Marola“, parceria com MC Kevin O Chris, e “Assanhadinha” – que assume os holofotes por ser um sucesso de 2023 e por possuir uma particularidade em sua criação. Acontece que o refrão da canção faz uso de Inteligência Artificial, como revelado durante o Foquinha Entrevista, ministrado pela jornalista Fernanda Catania

No programa, a carioca revelou que a decisão de utilizar I.A. foi tomada para garantir que a música fosse lançada a tempo, considerando sua agenda apertada. “Nós escrevemos a letra, saímos do estúdio com a música. Depois, a gente bateu neurose com o refrão. ‘Ah, porque o refrão não está bom’, e entramos no acordo de mudar. […] Mudamos, mas eu não tinha tempo de ir para o estúdio gravar. O que eles fizeram? Gravaram e colocaram Inteligência Artificial.”

Questionada pela HCCL durante a coletiva, Pocah reforçou que a I.A foi utilizada apenas em uma pequena parte da música, contando não ser “a pessoa que mais entende desse recurso. É algo novo que me assusta também, mas que por um momento serviu para  fazer algo. A música não foi feita inteiramente com I.A. Nós a compusemos, foi escrita por mim e pelos meus amigos da Hitmaker. Usamos apenas num trecho. Foi utilizada na interpretação.” Ao completar a fala, admitiu que não quer ser referência nisso, “até porque essa é a única música que usei do recurso. É algo novo, mas que não pretendo seguir utilizando.”

Já o segundo ato, “Pocah”, simboliza a transição da artista para uma fase mais ousada e experimental, onde ela explora novos gêneros musicais e adota uma postura pop sem abandonar suas raízes no funk brasileiro. Aqui, o destaque vai para a faixa-título “Cria de Caxias“, parceria com a rapper Slipmami, e a também já conhecida “Venenosa“, parceria com Triz e MC Gw

Atendendo o pedido dos fãs, a terceira faixa do ato, “Conteúdo Sensível” possui influências do R&B – em especial ao som da norte-americana Summer Walker, como revelou Pocah -, com uma lírica mais sensual, transicionando o disco para um lado mais distante do funk. No mesmo estilo, “Brilho No Olho“, colaboração com L7NNON, lembra algumas canções da brasileira Iza e encerra este ato com uma retrospectiva sobre a vida de Pocah, celebrando sua jornada, superação pessoal e ascensão econômica. 

Por fim, somos introduzidos ao terceiro e último ato, “Viviane”, carregado por uma face mais íntima, emocional e vulnerável. A última parte desse projeto é a responsável por abordar temas mais pessoais, assim como traumas e batalhas da brasileira. “Essa parte foi onde eu pude colocar a maior intensidade. Peguei toda a minha vulnerabilidade e a expus. Doeu reviver, doeu falar, mas foi necessário. Começa com a minha filha dizendo: ‘o nome da minha mãe é Viviane’. E eu pedi para meu pai dizer o porquê de Viviane. É lindo, eu não consigo ouvir esse interlúdio sem chorar, não tem condições”, revelou a cantora na coletiva.

Seguindo o “Interlúdio Viviane”, que conta com relatos de pessoas próximas de Pocah, se destacando dos outros interlúdios, o ato se inicia pela canção “Livramento”. Por uma balada acompanhada de um corpo de cordas orquestrais, a faixa se mostra como uma das mais emocionalmente carregadas ao tratar sobre a experiência da brasileira em um relacionamento abusivo. Nela, também a escutamos falando sobre o papel de sua fé naquele momento.

“Importância total em um mundo onde muitas mulheres são caladas, taxadas de loucas, quando, na verdade, são vítimas da situação”, fala Pocah sobre a canção. “Essa música é um agradecimento a Deus, primeiramente, por ter me dado esse livramento. Muitas vezes eu achava que era meu fim naquela noite, naquele dia, e graças a Deus não foi. Soa também como um alerta, pois, infelizmente, eu não fui a única. Não sou a primeira e não serei a última a abordar esse assunto, mas acho necessário sempre expor, sim, essas situações.” 

Finalizando o projeto, ainda temos “Nunca Tá Bom“, que, ao som de um violão, reflete sobre as pressões externas da vida e carreira de Pocah. Por fim, “Vitória“, uma música emotiva em que Pocah canta ao lado da filha, celebrando a maternidade como uma de suas maiores conquistas. “Estar no álbum era um desejo dela [filha]. [Para mim] é muito especial ter a voz dela em uma música feita para ela”, admite e ainda revela que “Cantei um pedacinho para ela, e ela repetiu.”

DAS ‘CHOPPADAS’ AO ROCK IN RIO

Pocah fará sua estreia no Rock In Rio com um show especial no dia 20 de setembro, no palco Espaço Favela, e não poderia estar mais animada. O palco que ecoa as vozes da periferia deixará registrada uma apresentação que promete ser histórica, além de honrar suas origens e sua evolução como artista. “Estou muito feliz e realizada. É um sonho que carrego comigo. Não vou dizer que sonhei com isso a carreira inteira, não serei hipócrita. Porque, em parte, achava que nem era possível uma funkeira estar neste festival. Passei a sonhar com isso vendo Anitta, Ludmilla e Kevin o Chris, pessoas que eu admiro muito, [apresentando-se lá no palco].” 

“Quando eu subir no palco, subirei representando a massa funkeira, os jovens que vieram da favela, assim como eu. Eu vim do meio do nada, perspectiva de vida zero, mas o funk me abraçou, abriu portas para mim e salvou a minha vida. Em um momento muito difícil, quando meus pais estavam desempregados, eu pude ‘dar um giro’ na minha vida. Sou muito grata por esse movimento”, ressalta ao continuar. 

Pocah ainda se emociona ao falar sobre a conquista e relembrar momentos do início da carreira: “Até choro, porque já cantei em diversas boates, em diversas ‘choppadas’, onde nem tinha palco para mim. Já cantei em cima de cadeira, até em cima daquelas mesinhas de escola. Estar hoje em um festival desse porte, dessa magnitude… Foi com muita luta, muito esforço. Estou lá graças aos meus fãs que acreditam em mim e que compram essa ideia doida de ser artista. Para mim, é uma honra imensa”, completou.

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O artigo acima foi editado por Milena Casaca.

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Clara Rocha

Casper Libero '26

brazilian journalism student at cásper líbero and senior editor at HCCL! contact at: annacgrocha@gmail.com :) | portfolio: acgrocha.com