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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

“Seria triste se a prioridade da vacina da Covid-19 fosse dada aos mais ricos. Seria triste se isso se transformasse na prioridade de uma nação e não fosse destinado a todos”. Essas palavras foram ditas pelo Papa Francisco no dia 17 de agosto em uma de suas audiências semanais, realizadas todas as quarta-feiras, dentro de sua biblioteca no Vaticano.  

A pandemia do novo Coronavírus, ainda segundo o papa, expôs a desigualdade social existente no mundo inteiro. Para tentar, ao menos, amenizar essa situação, a solução seria uma vacina que circule de maneira mais acessível e igualitária entre os diferentes países e continentes. Com essa realidade quase inédita e um vírus que se propaga muito rápido, a corrida para encontrar uma vacina eficiente e segura se tornou pauta comum do dia a dia.

Existem mais de 160 pesquisas ao redor do mundo em busca de um imunizante contra a Covid-19, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Deste número, pelo menos 30 já estão em fase de testes clínicos e somente seis na última fase da testagem, que é necessária para a aprovação ou não da vacina pela comunidade científica e pelos órgãos de saúde.

Para ser aprovada, uma vacina deve apresentar respostas positivas em três diferentes níveis de testagem: a fase 1 avalia a segurança com a aplicação em um número restrito de voluntários adultos; já a segunda fase amplia o estudo clínico para centenas de voluntários visando as características físicas que a vacina busca alcançar, como idade e comorbidades; com a validação, o estudo segue para a última fase, que conta com milhares de voluntários de diferentes características físicas, buscando comprovar se a vacina é segura e eficaz.

 

As vacinas a frente da corrida

People Doing Marathon
Snapwire from Pexels

Na liderança dessa nova versão da corrida espacial do século passado estão Estados Unidos, China, Reino Unido, Alemanha e Rússia. Os cinco primeiros países dessa lista são os únicos que, até então, já estão na fase 3 dos testes com o desenvolvimento de  vacinas pelos seguintes laboratórios: Sinovac (China); Instituto Biológico de Wuhan e Sinopharm (China); Instituto Biológico de Pequim e Sinopharm (China); Oxford e AstraZeneca (Reino Unido); Moderna e NIAID (EUA) e BioNTech, Fosun Pharma e Pfizer (Alemanha e EUA).

Algumas dessas pesquisas em fase avançada também estão presentes em território brasileiro com a testagem de voluntários. A primeira é a chinesa CoronaVac, da Sinovac, produzida a partir do próprio Sars-Cov-2, utilizando o vírus morto ou pequenas partículas inativas dele que não apresentam risco de infecção, mas geram uma memória dentro das células de defesa do ser humano. Assim, quando ocorre um contato com o vírus ativo no meio ambiente, o corpo já sabe como reagir e se defender.  Os testes no Brasil começaram em julho, no estado de São Paulo, em parceria com o Instituto Butantã, e a previsão é que os resultados saiam em 90 dias a partir do início do estudo.

O segundo imunizante que está sendo testado aqui é o desenvolvido pela Universidade de Oxford, a pesquisa mais avançada segundo a OMS. Sua produção é a partir da tecnologia “vetor viral recombinante”, que utiliza uma versão enfraquecida de um adenovírus – causador de resfriados em chimpanzés, mas que gera respostas de imunidade em seres humanos – combinada ao material genético presente no Coronavírus, fabricando anticorpos.

A vacina desenvolvida pela parceria entre BioNTech e Pfizer também conta com voluntários brasileiros para a testagem da Fase 3. Os testes acontecem em Salvador e São Paulo desde o final de julho e, segundo a farmacêutica americana, o Brasil foi escolhido pela situação da pandemia no país, além do bom histórico na questão de vacinações.

 

E quando vamos visitar o Zé Gotinha?

Todas essas pesquisas demonstraram resultados positivos, tanto em segurança quanto em eficácia, nos primeiros testes da fase 3 e a expectativa é que algumas delas (senão todas) comecem a ser distribuídas, no máximo, até a primeira metade de 2021. Mesmo com as respostas promissoras, a comunidade científica alerta para o fato de que uma vacina demora mais tempo para ser completamente aprovada – é só ter em vista que a vacina que foi desenvolvida com mais rapidez até então foi a contra a caxumba, demorando quatro anos. 

Já a vacina russa, batizada de Sputinik V, mesmo que se enquadre na fase 1 de testes segundo as considerações da OMS, foi a primeira a ser registrada nessa corrida pela vacina. Graças a um acordo fechado com o estado do Paraná, o Brasil será parceiro também dessa pesquisa.

Cientistas ao redor do mundo desconfiam da eficácia da vacina desenvolvida pela Rússia pela falta de transparência do país quanto aos estudos clínicos: até o registro, menos de 80 pessoas haviam passado por testes e os resultados destes não foi divulgado em nenhuma revista científica. Mesmo assim, a Sputinik V já foi aprovada pelo presidente Vladimir Putin e uma testagem clínica em 40 mil voluntários teve início ainda em agosto para, logo em seguida, toda a população ser vacinada. 

De acordo com o diretor-presidente do Fundo de Investimentos Diretos da Rússia, Kirill Dmitriev, em entrevista coletiva virtual junto a pesquisadores e representantes do Fundo, o Brasil é um dos países cotados para a produção da vacina: “Nós estamos vendo que o fator-chave é a produção da vacina em outros países. E vou aqui destacar Índia, Brasil, Coreia do Sul e Cuba. Eles têm potencial para produzir a vacina e servir de hub, de base, para a produção”. Os responsáveis pelo desenvolvimento da Sputinik V afirmam já possuir os resultados dos estudos das Fases 1 e 2 de testes, que só serão compartilhados com os países parceiros. 

Independente de qual país “ganhará” essa corrida, o que o mundo todo espera é que uma vacina segura e eficaz chegue logo e, assim como pede o Papa Francisco, alcance todos os diferentes países, sem intensificar ainda mais a desigualdade social que mata tanto quanto o vírus.

A vector illustration representing the Earth wearing a mask.
Photo from Pixabay

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The article above was edited by Vivian Souza.

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Bruna Miato

Casper Libero '20

Journalist. I believe that good communication can change the world into a better and fairer place.