Multiplicidade. Essa palavra define as mulheres desde os tempos mais antigos.
Conseguimos ser únicas e ao mesmo tempo muitas, assumindo diversos papéis. É a nossa natureza. A ancestralidade existe para nos mostrar exatamente isso: nossas antepassadas também tiveram de buscar, em suas múltiplas facetas, cumprir todas as funções a que foram designadas.
Dentre tantas civilizações, vamos ressaltar a africana com suas Yabás! Mas o que é uma Yabá? Tal palavra, que significa “Mãe Rainha”, antigamente era usada no continente apenas para se referir a Yemanjá e Oxum. Mas, quando chegou ao Brasil, o termo se estendeu para todas as orixás femininas.
Começando com Yewá, uma mulher que esbanja uma beleza incomum por onde passa e, como todas aqui, é uma verdadeira guerreira, uma jovem determinada e que sabe exatamente o que quer. De palavra firme, com uma forte intuição, foco e inteligência sem iguais, conseguiu enganar até mesmo a morte! Protege as mulheres virgens e tudo mais que seja puro assim como ela.
Iansã, uma rainha batalhadora, como toda mulher que acorda cedinho, se veste e vai à luta conquistar o que deseja. É tão forte, sábia e poderosa quanto seu marido Xangô, e, com um espírito bravo, conseguiu libertá-lo de um calabouço usando um de seus raios e ajudou Ogum a forjar armas para uma batalha. Por ser capaz de despertar paixões ardentes, é associada ao fogo.
A maravilhosa Oxum, graciosa, elegante e dona de uma beleza sedutora, fez ogum, usando sua presença e seu poder de persuasão, o homem-ferro se encantar tanto por ela, convencendo-o a retornar a forja, em seu trabalho de produzir ferramentas, feito que nenhum orixá havia conseguido antes. Assim como todas as mães, é responsável por proteger os fetos e os bebês recém- nascidos e com um coração brilhante, protege o amor dos casais e das famílias. É a Yabá que representa o poder feminino em sua forma mais forte.
Nanã, com a sabedoria das mais velhas, a calma, o colo tantas experiências e tanto a ensinar, é uma senhora que ao usar o conhecimento que tem, sabe sempre o momento de agir. É a avó de todos os orixás. A caminhada de uma estrada longa, é marcada em cada ruga de seu rosto e em cada fio de seus cabelos brancos. Ela cuida dos que já foram, daqueles que nos guiam do outro plano e possibilitando seu renascimento.
E aí vem Obá, assim como nós mulheres sempre procurando direitos iguais em relação aos homens. Enfrenta qualquer um deles, provando tudo o que pode fazer. Podemos vê-la muito bem representada nas cooperativas femininas, nas boias frias, nas mulheres do campo, em feministas… Mulheres na luta política e social. Ela é a orixá que representa o amor e consequentemente toda a alegria e tristeza que ele pode causar. Não era necessariamente bela, mas tinha uma determinação e completa resiliência. Desafiou Ogum um dia para lutar, e por mais que tenha perdido, aguentou firme as consequências de sua derrota.
E a nossa Yabá mais popular no território brasileiro, Iemanjá. Mulher de beleza madura. Porém não cuida somente das crianças, mas também protege os jovens e adultos com personalidade formada, é quem nos orienta, educa, como professoras, educadoras, cuidadoras de creches e institutos para adolescente, entre outras. Ela protege e se relaciona com tudo em nosso psicológico. Ela deu à luz as estrelas, nuvens e a todos os orixás que conhecemos.
Na história da humanidade, a mulher sempre teve papéis fundamentais e surpreendentes. O principal deles é a perpetuação da raça humana sobre a terra, equilíbrio, fertilidade…vida! Mas nada para nós nunca foi fácil, luta, garra e força são nossas armas. O ideal é fácil de alcançar? Não! Mas seguimos em frente…